quinta-feira, 17 de julho de 2008

A difícil hora do adeus.

Terminei hoje, a contragosto, Os Livros e os dias de Alberto Manguel.
Poucas vezes li um livro tão prazeroso. Quando estava em suas últimas páginas, enrolei para não ler, ou quando lia, fazia-o vagarosamente, me atinando a cada detalhezinho.
Pudera, o livro é dividido em doze capítulos e, em cada um, é discutida uma obra de um autor diferente.
É sensacional ver a paixão que Manguel tem por estes livros, que foram importante para ele de alguma maneira, e é maravilhoso também o modo como ele sabe incitar o leitor à gostar das obras que menciona.
Ele faz analogia com todas elas, explicando-as, observando detalhes, contando quando as leu e como elas o influenciaram, não como escritor, mas como leitor assíduo que é.
O livro é quase um diário, pois entre uma análise e outra das obras, ele relata sua rotina de viagens e palestras, além de seus sentimentos. Colocando-se no lugar das personagens, das situações, nos locais aludidos na obra e, até mesmo, no lugar do próprio escritor.
Dá pra sentir a sinceridade nas palavras de Manguel. Afinal, como ele mesmo diz, "é apenas uma análise de um leitor qualquer, não de um escritor".
E é horrível ter de terminá-lo. Pior ainda, ter de devolvê-lo à biblioteca.

"A leitura é uma conversa. Os lunáticos respondem à diálogos imaginários que ouvem ecoar de algum lugar de suas mentes; os leitores respondem a um diálogo similar provocado silenciosamento por palavras escritas numa página."

Eu tenho pena de quem ainda não tem, ou nunca terá, o prazer em ler.
Pensando bem, pode ser bom. Não ficará triste por acontecimentos como o de hoje.
Porque esta tarde, perdi um amigo.

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