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Eu estava conversando com o George esses dias. George é meu novo amigo, pra quem não sabe.
E ele tava me falando de umas concepções muito doidas. Falávamos sobre a possibilidade de uma sociedade futurística apocalíptica e suas várias características, uma em especial me chamou a atenção: a criação de uma nova língua. Diz meu amigo que esta língua - denominada por ele a Novilíngua - terá peculiaridades interessantíssimas. E dessas peculiaridades poderá se tirar grandes conclusões e um entendimento profundo desta sociedade por ele criada.
Esta língua visa a objetividade. Ou seja, sua primeira ação, então, seria acabar com os sinônimos. Logo depois, poderia-se destruir os antônimos, já que milhares de sinônimos despareceriam. Depois, acabariam-se os montes de adjetivos. Porque afinal, se há o bonito, pra quê o maravilhoso, explendoroso etc? Que fiquemos com o mais simples e direto. E depois, acabariamos com vários verbos. Se o princípio é a rapidez e a objetividade, pra quê falar ou escrever tanto, não é mesmo?
As consequências seriam drásticas, diz meu amigo. Afinal, com tanta destruição de palavras, o rumo natural das coisas seria, obviamente, todas as palavras se limitarem a uma só.
E é aí então que vemos qual é o real objetivo desta Novilíngua: estreitar a gama do pensamento.
O George - vendo que eu estava horrizado - me explicou direitinho, dando um exemplo: " Como é possível dizer "liberdade" e seu conceito, se for abolido o conceito de liberdade? Todo o mecanismo do pensamento será diferente. Com efeito, não haverá pensamento, como hoje o entendemos. Novilíngua quer dizer não pensar. Não precisar pensar. Novilíngua é inconsciência."
Depois de ouvi-lo falar isso com tanto entusiasmo, me ocorreu um pensamento (sim, eu ainda tenho pensamento): devemos matar esse meu amigo, o George.
Imagina se ele escreve um livro com isso tudo? Temos de matá-lo. Com certeza temos.
Mas algo me impediu, pelo menos naquele momento, de fazê-lo.
Se ele escreve um livro com este conteúdo, pode ser que pessoas tomem conhecimento desta idéia e entendam o quanto ela é horrível para toda a espécie humana. E, visto desta maneira, até que seria bom deixá-lo escrever este tal livrinho.
Quem diria, hein George, que com esse bigodinho tu terias idéias tão lúcidas. Ou, pra quem assim as vê, tão terríveis.