quinta-feira, 24 de maio de 2007

Mazelando Culturalmente


Então pessoal, vamos às artes! E o assunto de hoje é o Teatro. Mas claro que eu, "mazeleiro" como sou, não deixarei de reclamar de algo. O importante é podermos variar um pouco.
A foto à esquerda é de Paulo Gustavo, que está em cartaz com um espetáculo este mês entitulado Minha Mãe é Uma Peça, com texto e interpretação do próprio ator, retratando uma Dona de casa totalmente frustrada com sua vida e afazeres domésticos os quais fazem o público facilmente se identificar com a personagem. As situações vividas pela senhora de meia idade, sozinha e rabugenta são cômicas e certamente irão agradar a todos. Ou não. A peça está em cartaz apenas no Rio de Janeiro. Então agradará a quem estiver por lá, obviamente. Aliás, nem todos que moram no Rio podem ir a um lugar como este, pois o ingresso mais barato - pasmem - é de R$50,00. E isso certamente não agrada a ninguém. Ir a um teatro deixou de ser apenas prazeroso há muito tempo. Nem nos grandes centros, onde há teatros com belas estruturas, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba ou Porto Alegre, estiveram tão pouco frequentados como nos últimos tempos. Claro que nem é preciso citar nossa Ilha da Magia que possui apenas dois lugares que ofereçam espetáculos periodicamente. O problema não está apenas na estrutura oferecida ou no preço a ser pago, pois teatro pode ser feito nas ruas, nas praias, em qualquer lugar. A questão é o dificil acesso cultural da população. Além de ser pouquíssimo divulgado pela mídia, que adora exaltar filmes Hollywoodianos e próximas novelas, ter poucas escolas de artes cênicas patrocinadas pelo governo e por empresas privadas para desenvolver atores competentes e estimulados, e faltar remuneração dígna a esses, que acabam fazendo esta arte apenas por amor(o quê não deixa de ser um ponto bom), é completamente secundário na nossa sociedade.
O teatro é uma grande forma de arte. Nele toda a sensibilidade é expressada, a raiva é liberada, a alegria mostrada, as barreiras ultrapassadas. E o mais importante: de uma forma completamente HUMANA.
Privar a população, e principalmente o jovem, dele, é totalmente injusto. Lições de ética e honestidade, eventos que mantém viva nossa cultura e questões sociais são tópicos utilizadíssimos em espetáculos. Com tantos assuntos importantes para todas as pessoas de idades, camadas sociais e etnias diferentes, o Teatro merece ser muito mais respeitado e, principalmente, mais utilizado por todos.
Enfim, se você já não possuir uma em casa, tiver dinheiro, disponibilidade e morar na capital carioca, vá lá e confira a dona de casa frustrada. Vale a pena.
Eu lutarei (de que forma a não ser escrevendo?) para que ela possa ser apreciada de uma forma muito mais democrática.
Até lá, infelizmente, a dona de casa já terá ido trabalhar fora há muito tempo.

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quarta-feira, 23 de maio de 2007

Eu vou pedalando. E você?

Morar em Floripa tem muitos lados bons, isso é indiscutível. Mas os problemas vividos pelo meio urbano são impressionantes. E mais uma vez nós, a população, sofremos com o pior deles: greve geral do transporte urbano municipal. Esse problema nos assola há tempos. Com o crescimento exorbitante da população na Capital catarinense e nenhuma outra opção de locomoção dentro da cidade, o transporte coletivo fica cada vez mais exigido pela população, que não faz nada quanto a aumentos tarifários e diminuição de horários das linhas. Mal sabem eles, ou pior, até sabem, que assim contribuem para que os grandes empresários façam o que quiserem conosco. A omissão é o pior de todos os males. Somos induzidos a não recorrer a outras opções. Diga se você sabe de uma pista para ciclista decente, a não ser a Beira-Mar Norte feita apenas para figurões? Ou então, se há realmente policiamento e iluminação adequada nas vias públicas onde poderíamos transitar mais seguros para nossos destinos? Até mesmo se há uma outra alternativa de transporte nesta cidade? Metrô ou atravessia a barco, muito conveniente na nossa cidade. Mas é claro que não tem, isso não me espanta nem um pouco. Temos um Dignissímo Prefeito que acha estar na década de 50, quando Kubitschek pregava que ter estrada era sinônimo de progresso e sai asfaltando tudo por aí, acha ele que comeremos piche um dia. E por coincidência, esse mesmo visionário, é dono de empresas de transporte coletivo urbano. Ora veja, você acha realmente que uma pessoa, sabendo que pode sair muito defasado, lutará JUNTAMENTE COM O POVO para fazer melhorias no transporte, baixar tarifas ou, sonho nosso, conceder-nos algum passe livre?
Somos escravos da mesma política petrolífera de cinquenta anos atrás e ficaremos nela até elegermos alguém realmente preocupado conosco e com nossos reais problemas. Em 2005 quando fomos às ruas cheirar pimenta e jogar pedras em policias, conseguimos uma pequena redução e uma ilusória tarifa única. Agora, se houver mais um aumento exorbitante (e certamente haverá, depois de notícia de aumento salarial a motoristas e cobradores) eu estarei nas ruas novamente, e dessa vez espero não parar até conseguirmos abalar realmente esta gestão fajuta e feita para elites.
Enquanto isso não acontece, começo a escrever aqui todas as minhas mazelas que, certamente, não são só minhas. E pedalo. Pois é preferível pedalar e livrar-me um pouco do trânsito e de todos esses pensamentos a ter que todo dia passar desgostoso por uma catraca com a impressão de estar sendo enganado.